sábado, 29 de dezembro de 2012

~ Boas Festas ~




As festas de fim de ano chegaram. Como tradicionalmente acontece, passei com minha família, na casa da minha avó [e por família entenda-se: tios, primos, avós]. Meu avô me ignorou, fingindo que eu não estava lá, ou tentando, porque, inadvertidamente, tirei-o na famosa brincadeira de amigo secreto.

Para deixar claro: meu avô não gosta de mim. Sim, isso perdura... Ele sente vergonha pelo fato da minha mãe, filha dele, ter sido mãe solteira [sendo eu a filha], o que, na opinião dele, jogou o 'nome da família' na lama. Digamos que me ver seguindo os 'mesmos passos' [ainda que 6 anos mais nova do que quando ela engravidou, ou seja, meu caso era bem pior], deixo-o ainda mais arrasado. Eu nunca tentei compreender, não vou ser hipócrita. Pra mim, o que importa é o meu afeto dispensado aos meus, e o deles a mim.

A despeito de toda a 'tensão natalina', o revéillon foi melhor. Com minha mãe, meu irmão e uma amiga, na praça da cidade. Mesmo eu tendo olhares abismados em minha direção, arisquei-me a sair um pouco e respirar fundo e com energia positiva esse momento tão bonito que é o ano chegando cheio de possibilidades, inteirinho para mim e meu filho, que eu carregava em meu ventre cheio de amor.

Feliz ano 2000.

.:meu aniversário de 17 anos:.




Meu fim de ano foi estranho. Eu ainda me sentia menina, mas já gerava uma vida, portanto, mulher. Eu tinha o apoio da minha mãe, meu irmão pentelho, meu cachorro querido... A vida estava boa. Mas eu estava grávida! Era um fato consumado, nada podia mudar isso.

Lembro de passar meu aniversário brigada com minha mãe. Foi um dia triste, o dia 22 de dezembro de 1999. Depois da briga, saí sem rumo, caminhei por muitas ruas, sentei no meio-fio, pensei. Mas, principalmente, senti. Senti tanta coisa misturada, pena de mim mesma... Lamentei não ser como as outras adolescentes, e lamentei estar tão sozinha nunca data que pra mim sempre foi tão especial: meu dia! O dia mundial da Milena.

Sentada no meio-fio, já sem esperança ou alegria, lembrei de uma amiga e decidi ir à sua casa. Ao chegar lá, qual a decepção!, tive que voltar da porta. Eu pedi abrigo, pedi que me deixasse passar a noite lá... Eu estava cansada, era tarde da noite, eu não tinha mais ninguém a quem recorrer... Ou quase ninguém. Mas ela me disse um sonoro NÃO, logo após inventar uma desculpa pra lá de esfarrapada . E eu dei meia-volta. Liguei pra um amigo, a cobrar, de um orelhão, e perguntei se eu podia ir pra casa dele. Ele pareceu até feliz com meu telefonema. Comecei o caminho de volta, pois era do outro lado da cidade.

Ao começar a nova caminhada, fiquei pensando como alguém pode ter coragem de negar abrigo a uma grávida [ou a qualquer pessoa], mas eu já sabia os reais motivos. A mãe da minha amiga me julgava péssima companhia. Eu até a compreendo, hoje em dia, mas na época, fiquei profundamente magoada. E quando eu pensei que mais nada podia acontecer nessa nefasta noite, uma chuva imensa desabou sobre minha cabeça. Eu continuei a caminhada, eu não tinha opção.

Ao chegar à casa do meu amigo, encharcada, cansada, fazendo aniversário de 17 anos, ele me recebeu com um sorriso no rosto, muito carinho, uma cama quente, uma camiseta e um lanche. A noite foi ótima. Conversamos um pouco, depois dormi.

Éramos três ali, comemorando meu dia da melhor maneira possível. Eu, enfim, não estava só.