domingo, 3 de julho de 2011

.:5 de dezembro de 1999: descoberta do sexo:.






Logo pela manhã, fui ao consultório do meu médico para consulta de rotina e ultrassom. Ele disse que estava tudo bem comigo. Durante a ultrassom, mostrou o coraçãozinho do meu bebê batendo, o tamanho dele, as pernas, os bracinhos... Tudo tão pequeno e tão perfeito!

Eu já estava completando 5 meses e ansiava que ele me dissesse o sexo (preferência: menina!!!). Eu queria muito uma menininha. Eu acho que a maioria das mães desejam meninas... Pensam em laços e fitas e todas as coisas femininas que poderão compartilhar juntas... Pensam na companhia e todas essas coisas que normalmente se pensa. Bem, até poucos meses atrás, eu não pensava em nada disso. Era tudo novidade, e parecia passar rápido demais o tempo...

Eu tinha muitas dúvidas quanto aos nomes. Mas eu sabia, desde sempre, que se tivesse um menino ele seria Gabriel, pois eu sempre achei esse um nome doce. Além de ser super fã da Paula Toller (ela tem um filho com esse nome), e de sua música "Oito anos" (cujo refrão é: "well, well, well... gabriel"). Enfim, era isso. Mas eu também gostava de Caio, Petrus... e Enzo. Este último eu vi numa das minhas revistas sobre gravidez, que eu lia cotidianamente.

Se fosse menina, eu não sabia como se daria, pois as dúvidas eram ainda maiores... Pensei em Valentina, Lia, Pietra... Mas nenhum me deixava plenamente realizada. No entanto, eu me prepara ao máximo pra esse momento. Eu queria muito que fosse uma menininha de olhos e cabelos pretos... como eu!

Dr. Raimundo Barreto informou: É UM MENINO! Chorei. Confesso, com vergonha, que não foi de felicidade, mas de frustração. Eu não queria um menino, eu queria uma menina! Eu imaginava uma menina nadando no meu líquido amniótico e todos os poemas que eu escreveria para ela... Eu imaginava os vestidinhos, o rosa espalhado por toda a casa, os enfeites de cabelo, os cabelos... Tudo na minha imaginação era voltado para o fato de que seria uma menina... Então eu chorei! Chorei muito. Mas mesmo triste, quando o médico perguntou qual seria o nome, falei como se sempre tivesse a certeza: ENZO GABRIEL. E na ultrassom ele colocou o nome do meu FILHO. Eu ia ser mamãe de um menino...

Quando me acalmei, saí do consultório, caminhei pelo centro da cidade e decidi cortar meus cabelos. Assim, bem curtinho... Não sei se a revolta teve exclusivamente a ver com a recém-descoberta, mas o fato é que eu fiquei estranhíssima com aquele corte e aquela barriga enorme! Depois, voltei pra casa. Minha mãe ficou extremamente feliz em saber que meu bebê era um menino! Mas ficou chocada com o corte.

[Risos]

Posteriormente, a foto do RG foi uma que fiz nessa época, com esse cabelo curtinho e maluco!


P.S. Depois disponibilizarei a ultrassom desse dia!

sábado, 2 de julho de 2011

~ Novembro: uma grávida hippie ~




Em novembro é aniversário da Jane. Eu sempre me lembro desta data... Talvez porque Jane sempre foi uma pessoa muito especial, ou até porque a festa de 15 anos dela foi memorável...

Jane estava comemorando seu aniversário de 15 anos e me convidou. A festa era temática: hippie, anos 70, essas coisas... Eu adorei. Minha mãe fez uma calça cor café-com-leite boca-de-sino; uma blusa bem curta (ficava expondo todo o barrigão - mas nem tão barrigão assim, pois eu estava apenas com 4 meses...), preta com estampa de flores, manga comprida com elástico... Fique o maior broto, mora?

[Risos]

Muitos amigos,colegas e conhecidos estavam por lá. Diverti-me imensamente. Fiz algumas fotos com a aniversariante, mas sinceramente nunca cheguei a vê-las (adoraria ter essa recordação!). Ri muito com Priscilla, Liliane, Jane... Foi divertido e tenho certeza que Enzo sentia muita alegria dentro da minha barriga...

Era bom estar ali, com tanta gente querida, acarinhando minha barriga que crescia lindamente. Sim, digo lidamente, porque acho divino mulher grávida! Eu me sentia linda, leve, poderosa... Eu era mãe, mulher... Eu estava feliz.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Primeira vez que Enzo mexeu no meu útero...





Foi uma fisgada. É... não teve todo o glamour por mim imaginado, não foi épico, mas foi inenarrável. No entanto, tentarei contar aqui.

Eu estava na sala da frente da casa onde eu morava com minha família. Minha mãe estava costurando. Eu estava sentada no braço de uma cadeira, conversando com ela. Era de tarde. De repente, não mais que de repente, senti aquela fisgada. Isso mesmo: uma fisgada! Uma mexidinha estranha, até meio incômoda. Mas foi maravilhoso o que aconteceu! Foi mágico! Pela primeira vez, legitimamente, senti que havia alguém real dentro de mim, crescendo, fazendo-se notar...

Ele crescia dentre de mim, e com ele, meu medo de colocá-lo aqui, nesse mundo insano, doente, cheio de gente... Mas ao mesmo tempo eu agradecia. Eu agradecia à Deus, à natureza, por ser tão perfeita... Tudo estava ótimo com meu bebê, e agora eu sabia que ele era de verdade. Eu podia ser feliz.


3 meses de gestação: 1ª ultrassom!





Era outubro. Eu estava empolgada com as consultas pré-natais, mas eu queria mesmo era ver se aquele bebê era de verdade ou se estavam me enganando. Confesso que mesmo no terceiro mês, após a revelação a minha mãe, ao pai da criança, aos amigos... eu ainda achava que podia ser só sonho... mas só às vezes...

Foi ao hospital sozinha. Sim, eu já estava ficando uma mocinha! Lá, esperei ansiosamente a minha vez. Quando entrei na sala tão almejada, a médica, sem olhar para mim, mandou que eu me deitasse. Obedeci. Em seguida, passou um gel bem frio na minha barriga, lá embaixo... Tremi. Estava nervosa e feliz... Mas a expectativa da curiosidade de conhecer o meu bebê durou pouco. O exame até que não foi muito rápido, mas a médica manteve o monitor numa posição impossível de se ver, falou com sua assistente como se eu fosse invisível e me tratou como se... pior, nem me tratou.

Saí de lá arrasada, aos prantos... Ao chegar em casa, declarei a minha mãe: "Não volto mais naquele lugar horrível! Aquela médica não devia atender gestantes, não tem a mínima sensibilidade...". Minha mãe ficou triste por mim e me prometeu ver outro médico.

Como podem perceber, o trauma foi enorme. Até hoje NUNCA mais me consultei com esta dita cuja. E minha primeira ultrassonografia foi um fiasco, uma piada mal contada...


quinta-feira, 30 de junho de 2011

.Chá de Bebê [parte 2].

Esse post é só para colocar algumas fotos desse dia tão especial!




Muita energia positiva para mim...




Luíza, Priscilla, Liana, Adriana, Liliane, Nívea, Laurisleik, Roseane, Jane, Bárbara, Janaína, Camila, Cibele... Todas Maravilhosas!



.Chá de Bebê.




Os dias se passaram calmamente, sem maiores sobressaltos. Eu ainda mantinha contato com colegas da escola, amigas... (Apesar de não haver esse negócio de celular e internet!!!)

Decidi fazer um chá de bebê, influenciada pelas amigas. Minha mãe se prontificou a fazer a comida (arroz, creme de galinha e sobremesa). A Laurisleik me ajudou com os convites e a organização. Tudo ficou perfeito. Convidei um monte de gente. Foi muito divertido!

Ganhei presentes. Aprontaram uma brincadeira comigo em que me pintavam de batom. O banho depois foi super difícil. Muita esponja!!! Mas foi gratificante. Estive com pessoas queridas, que desejavam somente coisas boas para mim... Minha mãe cuidou de tudo com muita dedicação. Eu percebi que havia pessoas que se importavam comigo. Mais do que eu supunha...


Dia das Crianças!!!




Chegou o mês de outubro e era dia das crianças e eu, confesso, ainda me sentia meio menina... Sonhava em ganhar presentes... Ei tinha essa vã ilusão de que se me sentisse menina, de fato seria!

Lembro bem que no DIA DAS CRIANÇAS passei o dia na casa de uma amiga - Andréia. Divertimo-nos bastante. Escrevemos nos diários, fizemos bolo, ficamos deitada conversando bobagens... Eu me diverti sem preocupação alguma... Foi bom.
Fizemos algumas fotos. A mãe dela foi super atenciosa comigo e eu não me senti deslocada. Eu me sentia deslocada a maior parte do tempo. Mas é sempre bom estar com pessoas que não lhe julgam.

terça-feira, 28 de junho de 2011

~ minha rotina ~






Tudo mudou. Eu havia deixado a escola antes mesmo de ter confirmada a gravidez. Eu não tinha mais tanta disposição física... Eu estava GRÁVIDA. Não vou mentir: eu passei um bom tempo da gestação sem me sentir, de fato, grávida, mãe!... Eu sabia que existia um pequeno serzinho ali dentro de mim, mas era difícil (ou praticamente impossível!) mensurar o significado que "isso" viria a ter na minha vida!

Eu assisti muita tv. Ouvi música (muito pop e rock). Dei minhas voltas, passeei... Comi muito chocolate e não fiz exercícios físicos! Mais uma vez repito: não sigam meu exemplo!

Decidi pintar meu quarta com minha amiga Luana. Foi muito divertido... E durante a minha gestação também pude contar imensamente com a Gládia, minha grande amiga, e sua mãe, Graça (in memoriam).

Houveram dias de sol e dias de chuva...

.:a ligação para o futuro papai:.




Telefonei para o pai do meu bebê. Informei-lhe da conversa com minha mãe, da situação, enfim. Ele se comprometeu a estar sempre em contato, para que pudesse acompanhar a gravidez, ainda que distante fisicamente. Achei bacana da parte dele.

A mãe dele foi me visitar entre o segundo e o terceiro mês de gestação. Conversamos, mas eu só voltei a vê-la no dia seguinte ao nascimento do meu filho.

Os dias passaram lentamente... Eu comi muito chocolate... O que não aconselho a ninguém. Não é saudável!

Minha mãe cuidou de mim; levou-me ao pré-natal, para fazer as consultas direitinho... Ela não deixou que eu me sentisse desamparada. E eu não me senti, nem por um minuto!


.do dia seguinte à confirmação da gravidez.




Logo na quinta pela manhã, após a revelação arrebatadora da noite anterior, minha mãe e eu viajamos para Fortaleza. Ela precisava fazer umas compras, material de trabalho. Eu ia só para passear mesmo...

Almocei na casa da tia Tereza. Depois, fui para a casa da tia Maria, que fica bem perto. Depois do banho pós-almoço, eu estava me vestindo e a minha tia falou comigo pela janela. Disse o seguinte: "Milena, essa calça não tá muito apertada, não?". E eu: "Não, tia, tá ótima!". Pois é... ela já sabia de tudo e eu nem suspeitava que ela soubesse, afinal, antes de sair de casa, combinei com mamãe que não contaríamos... ainda! Era muito cedo e eu, sinceramente, não queria ninguém me criticando, me julgando...

Mas acontece que minha mãe não precisou dizer, só confirmar. E ela só o fez porque não se sentia bem em negar a verdade as suas irmãs. Uma coisa é não fizer: OMISSÃO. Outra coisa é negar: MENTIRA. E como elas "souberam"? Assim: o marido da tia Tereza, tio Edilson, é cardiologista. Mais especificamente era meu cardiologista naquela época (eu tinha prolapso na válvula mitral). Ele me viu no almoço na casa dele, daí falou para a tia: "A Milena está grávida.". A reação da minha tia foi ótima: "Você tá doido! É claro que minha sobrinha não está grávida, ela só tem 16 anos!". Mas ele insistiu. Ela ligou para minha mãe. Perguntou. Não houve como negar. E, de fato, não negou.

Ou seja, a tia Maria falou da minha roupa porque já sabia que eu estava grávida, e já se preocupava (mais que eu, inclusive!). E eu acabei indo embora de volta para casa sem tomar ciência de que TODAS, isso mesmo, TODAS as minhas tias (eu tenho 4) sabiam, estiveram comigo, conversaram comigo e não disseram nada! NADA!!! Senti-me tão idiota... tentando esconder o que já era a fofoca do dia, da família inteira!


.:resultado do Beta HCG [parte 2]:.




Antes de ir pra minha casa, passei na casa da Laurisleik. Ela havia acabado de se mudar: recém-casada, vida nova... Pedi que ela fosse até a médica comigo à noite, a fim de amenizar um pouco a situação delicada pela qual eu iria passar... Eu, sinceramente, não imaginava o desfecho, não podia prever como minha mãe agiria... Só me restava esperar com o mundo girando rápido ao meu redor e nenhum chão de concreto onde pisar...

Cheguei ao consultório com minha mãe e Laurisleik. Logo a Dra. nos atendeu. Entrei sozinha, como ela pediu. Minha mãe com o juízo em frêmitos na sala de espera... A esta altura ela já desconfiava da possibilidade que estava por se confirmar! Minha PEDIATRA me disse: "É, Milena, você está mesmo grávida.". Senti um calafrio percorrer a espinha.

Mas nem mesmo por um segundo, por um instante sequer eu pensei em abortar. Defendo que a mulher tenha jurisdição sobre seu corpo, mas em absoluto eu poderia conviver com algo assim.

E então foi a vez da minha mãe entrar no consultório. Sentadas lá, nós duas, ouvimos quando a médica pronunciou o "diagnóstico". Eu já pela segunda vez... Minha mãe ficou meio muda durante segundos que pareceram horas... Daí ela acordou do transe e perguntou: "Por que você não me contou?". E eu, sem graça como nunca fiquei em toda a minha vida, disse: "Porque eu tive medo da sua reação!". Mas ela arrematou: "Eu fui mãe solteira e não tive o apoio dos meus pais, você acha mesmo que eu ia fazer a mesma coisa com você?". Eu até fiquei muda. Sempre soube do enorme coração da minha mãe, da sua coragem, determinação, fé e força... Mas ela realmente me surpreendeu. Não gritou, não chorou, não xingou... Ela só ficou lá, olhando pra mim e talvez (não sei) pensando que a filha dela não era mais uma menina... É, mãe... mas eu já não era mais uma menina fazia tempo... apesar da pouco idade!

A segunda pergunta da minha mãe foi: "Quem é o pai?" Daí eu respondi: "O Paulo Roberto, mãe. Aquele garoto que eu fiquei um tempo atrás...". E dei as coordenadas todas necessárias para que ela se lembrasse do pai do meu filho. Isso mesmo: PAI DO MEU FILHO (OU FILHA). Mas ela não lembrou...

Ela foi sozinha para casa. Fui jantar sanduíche com minha amiga. Depois, para casa. Ainda com medo de uma reação agressiva retardatária por parte da minha mãe... Mas nada! Foi tudo tranquilo na minha volta. Eu me sentia em casa. E estava.


~ resultado do Beta HCG ~




O dia mal amanheceu, eu pulei da cama. Tomei café rapidamente e disse à mamãe que ia fazer o exame de sangue. Ela pediu que eu a esperasse que ela iria comigo. Mas eu jamais poderia aceitar que ela fosse comigo!!! Dei uma desculpa e saí na carreira... Eu queria adiar ao máximo essa conversa com ela...

Fiz o exame às 8h e a moça no balcão me informou que eu poderia pegar o resultado às 10h. Eu assenti com a cabeça e saí. Encontrei minha mãe no centro da cidade. Conversamos. Tentei demonstrar leveza, mas estava difícil. Meu estômago se revirava em mil voltas... Eu estava na iminência de uma explosão a qualquer segundo...

Às 10h, como combinado, fui ao laboratório. Ao chegar, a moça me informou que a impressora estava com problemas, e que o resultado só seria impresso à tarde. Respirei aliviada. Apesar da tensão e da ansiedade, eu queria adiar ao máximo aquela constatação. Qual não foi minha estupefação quando, ao me virar e caminhar pra porta de saída, a moça me chamou e disse: "Mas nós já temos o resultado, viu? Deu positivo.". Eu quase desmaiei ali mesmo...

Voltei tonta pra casa. Mas ainda querendo crer que não era real, que tudo não passava de um engano... À tarde, chamei minha amiga Laurisleik para ir buscar o resultado comigo. Pedi que ela abrisse: eu não tinha coragem! Ela abriu e disse: "Positivo, amiga!". Choquei. Eu acho que o chão se abriu embaixo dos meus pés... só pode ter sido isso...

.:finalmente setembro de 1999:.




Setembro chegou. E com ele, a esperança da remota menstruação... Mas como era de se esperar... nada de nada. Eu já havia desistido da escola. Estava em casa, deprimida, eufórica, confusa, enlouquecendo entre as paredes do meu quarto quando, finalmente, cheguei para minha mãe e falei: "Mãe, eu devo estar doente, porque minha menstruação está atrasada há mais de um mês... Deve ser alguma infecção.". Foi assim mesmo que eu disse! Eu não tinha outra maneira de resolver o meu problema...

Ela marcou a minha PEDIATRA. Pois é... isso mesmo! Pe-di-a-tra! E na terça agendada, fomos. A médica passou um exame de sangue - Beta HCG - mas falou em particular comigo, pedindo a minha mãe que se retirasse. Minha mãe não entendeu nada... pois eu sempre fazia questão que ela entrasse comigo... Bem, eu teria que fazer um exame no dia seguinte. Mas eu não poderia deixar que minha mãe me acompanhasse. Enquanto estive à sós com a dra., ela me examinou e falou da enorme probabilidade de se confirmar a gravidez.

Foi difícil dormir nesta noite...


ainda em agosto...




Uma grande depressão se abateu sobre mim. Não apenas pela suspeita, mas porque antes eu já estava em crise (mas isso é assunto pra outro blog). Essa recaída veio forte... Eu tentava segurar minha onda, mas estava cada vez mais difícil...

Cheguei para minha mãe e antes mesmo de falar da eventual gravidez, disse-lhe que não queria mais ir pra escola. Eu havia me machucado; meus braços estavam cortados. Eu estava triste de doer... então, não queria ter de encarar os colegas de sala e todos os prováveis comentários que haveriam ao meu respeito. Hoje, mulher em análise e em trânsito constante, penso que também posso ter usado isso como desculpa. Talvez eu quisesse mesmo era fugir daquilo tudo... e talvez, também, certa vergonha por engravidar na adolescência...

Enfim, minha mãe, depois de relutar, redarguir e argumentar, concordou, pois percebeu que eu não cederia.


agosto: mês dos papais




Eu percebi que muita coisa estranha estava acontecendo com meu corpo... Além do mais contundente: menstruação atrasada, eu estava com o quadril aumentando de tamanho muito rápido... os seios crescendo, como se meu corpo se preparasse para a menstruação que nunca vinha...

Uma moça que trabalhava na minha casa desconfiou e me perguntou se eu estava grávida. Ela, apesar de muito jovem, era mãe de 3 meninas. Respondi lhe contando sobre as mudanças sofridas no meu corpo... Ela olhou bem dentro dos meus olhos e disse: "Você está grávida, não tenho nem dúvida!". Quase tive um troço. Mas tentei me controlar, afinal minha mãe estava noutro cômodo da casa... Gelei. Fiquei pálida...

Resolvi ligar pro suposto pai da suposta gravidez. Contei-lhe. Ele, morando em São Paulo, perguntou se eu tinha certeza. Eu já imaginava que ele perguntaria algo assim... Talvez eu também perguntasse, se estivesse no lugar dele... Bem, a conversa foi interessante, mas não resolveu meu problema maior: falar com minha mãe! E me pediu para entrar em contato assim que eu tivesse coragem e contasse pra ela...

final de julho de 1999




O mês de julho estava chegando ao fim. Havia sido um mês muito divertido, de férias, de rever amig@s, de virar as noites em sítios, de tomar banho nos morros... Foi um mês intenso. Eu estava no 2º ano do ensino médio, e tudo o que eu queria era me divertir.

Ao final do mês, mais especificamente após o dia 24, quando minha menstruação não veio, eu imaginei logo que pudesse ter acontecido... Sim, foi a primeira coisa na qual pensei: "Será que estou grávida?". Eu me lembrava que não havia me prevenido, então... era muito possível. No entanto, era difícil pensar em como eu poderia comprovar tal suspeita, pois até os 16 anos eu ia ao médico com minha mãe. E eu não tinha dinheiro pra ir sozinha, não tinha documento (pois é, eu ainda não havia tirado RG, CPF e afins) e não podia falar sobre isso minha mãe... Resolvi comprar um teste de farmácia. O alívio durou ainda alguns dias após o resultado NEGATIVO. Sim, só alguns dias, pois em breve percebi que era engano... do teste, não meu!


era 5 de julho de 1999





Era dia 5 de julho de 1999. Eu era uma adolescente de 16 anos. Pouco juízo na cabeça, muitos sonhos nas asas e mil borboletas no estômago.

Eu já conhecia o moço que viria a ser o pai do meu pequeno Enzo Gabriel. Mas o que aconteceu foi um reencontro. E desse reencontro foi concebido o meu filho. Era noite de lua cheia em Limoeiro do Norte. Era tarde da noite. Era minha vida que mudaria para sempre a partir daquele momento... Só que eu ainda não sabia...


do que trata esse blog...




Sou mãe do pequeno Enzo Gabriel, um menininho lindo que faleceu há 5 anos e 10 meses. Estou aqui, começando esse blog, para homenagear sua memória. Para sempre ele estará em minhas lembranças, minhas orações, meus embalos... O título - "Poema Para Embalar Enzo" - é para que ele saiba, esteja onde estiver, que eu estou daqui embalando seu sono, seus sonhos e escrevendo poemas de amor.